V de Vingança
Esta série foi criada por Alan Moore em 1982 para a revista Warrior, em preto e branco, tendo sido publicada com bastante sucesso em seus 26 números e sendo interrompida devido ao encerramento da publicação, situação que persistiu até 1988, quando foi publicada em 10 edições nos Estados Unidos, pela DC Comics, desta vez colorizada. Com desenhos e arte-final de David Lloyd, V de Vingança retomava uma idéia anterior de Moore, submetida sem sucesso à DC Thomson (tradicional editora inglesa de quadrinhos) por não se adequar à linha de publicações dessa editora, especializada em quadrinhos para o público infantil. De uma maneira geral, a série apresenta uma visão pessimista do futuro da realidade política do Reino Unido de então, transpondo, para o que à época ainda era o distante ano de 1997, as mazelas que atormentavam o país sob o tacão impiedoso da primeira-ministra conservadora Margareth Thatcher, conhecida como A Dama de Ferro.
Em V de Vingança o leitor se depara com uma Inglaterra mergulhada no caos após uma aparente hecatombe nuclear, em que um governo fascista eliminou os direitos civis, dizimou as minorias raciais e sexuais, impôs a censura e reagiu impiedosamente contra qualquer tentativa de questionamento de seus atos arbitrários, criando campos de concentração e adotando forças policiais extremamente violentas, e que atualmente não hesita em utilizar a tecnologia para manutenção da ordem social e vigiar intermitentemente a vida de seus cidadãos. De um desses campos de concentração se evadiu V, o protagonista da história, que irá encetar uma incansável luta contra o governo ditatorial, buscando mostrar a seus conterrâneos que existem possibilidades de mudança. Moldado como um terrorista de ideais anarquistas, ele inicia uma campanha deliberada e bem arquitetada para derrubar os atuais ocupantes do poder.
Buscando na história de seu país uma de suas figuras mais carismáticas, Guy Fawkes, cabeça de uma conspiração que, no início do século 17, planejava destruir o Palácio de Westminster, sede do Parlamento Inglês e símbolo maior da monarquia parlamentarista, Moore aplica no protagonista de sua história uma máscara com as feições desse conspirador, identificando sua narrativa, ipso facto, como uma alegoria, uma reação política a um estado de coisas por ele abominado. E, da mesma forma, alinha a história com a realidade inglesa, afastando-a do lugar comum das narrativas de super-heróis que então dominavam o mercado editorial em seu país.
Além do sempre ambíguo V, outros personagens de destaque na obra são Evey Hammond, jovem adolescente que o protagonista aprisiona e a quem submete a um processo de aprendizado e doutrinação; Adam James Susan, o líder do partido no poder; Eric Finch, investigador experiente que caça o terrorista por acreditar piamente que este ameaça a ordem estabelecida que lhe cumpre defender, e Dominic, assistente de Finch, que o ajuda a desvendar o mistério das previsões de V. Juntos, todos eles oferecem uma narrativa instigante centrada na busca de argumentos racionais para justificar as atrocidades cometidas pelos regimes políticos, algo que ainda tem bastante repercussão nos dias de hoje, principalmente quando se pensa na incessante atividade militar norte-americana em território iraquiano.
Além de uma narrativa densa e instigante, misto de história policial, ficção futurista, narrativa de aventuras e descrição de um quase interminável embate ideológico, V de Vingança destaca-se, também, como uma das primeiras obras em que Alan Moore buscou elaborar a mais perfeita relação possível entre ação narrativa e arte gráfica. Nela, todos os quadrinhos são compostos de forma bastante cuidadosa, tendo em vista a perfeita simetria entre eles. Da mesma forma, os próprios elementos no interior dos quadrinhos estão dispostos de forma a criar algum tipo de relação com a trama apresentada, desde os livros que aparecem nas prateleiras e cujos títulos são visíveis ao leitor – entre eles figuram Dom Quixote (de Cervantes), O Capital (de Marx), Mein Kampf (de Hitler), Hard Times (de Charles Dickens), entre outros -, os pôsteres nas paredes, as formas utilizadas por V para matar seus inimigos – que claramente fazem lembrar o personagem Dr. Phibes, imortalizado nas telas cinematográficas por Vincent Price -, as diversas referências literárias ao longo da história, etc. De uma certa forma, V de Vingança representa uma preparação do autor para Watchmen, em que essa técnica de elaboração da narrativa quadrinhística, com o predomínio da simbologia como fator narrativo, irá atingir seu apogeu.
V de Vingança no Brasil
Esta grande obra de Alan Moore foi publicada pela primeira vez no Brasil pela Editora Globo durante o ano de 1989, período em que essa editora fez uma breve incursão no campo dos chamados quadrinhos adultos; foi publicada no formato de uma minissérie em cinco edições com 64 páginas coloridas, cada número publicado em português trazendo dois números da edição norte-americana, que teve dez fascículos. Alguns meses após seu lançamento no país, a minissérie recebeu uma versão encadernada, certamente utilizando material que não havia sido comercializado no lançamento (encalhe). Posteriormente, já no presente século, a obra foi reeditada pela Editora Via Lettera, de São Paulo, para comercialização em livrarias e gibiterias, desta vez em dois volumes em preto e branco. Felizmente, as duas edições fizeram jus à maestria do trabalho, merecendo fazer parte da estante de qualquer colecionador que se respeite.
Agora, aproveitando a estréia de V de Vingança nos cinemas, a Panini Comics traz às bancas pela terceira vez a série. A nova edição será encadernada em edição única, com 304 páginas coloridas e deve chegar às prateleiras ainda este mês.
(ulha chegou às bancas ^_____________^)
fonte: omelete.
Esta série foi criada por Alan Moore em 1982 para a revista Warrior, em preto e branco, tendo sido publicada com bastante sucesso em seus 26 números e sendo interrompida devido ao encerramento da publicação, situação que persistiu até 1988, quando foi publicada em 10 edições nos Estados Unidos, pela DC Comics, desta vez colorizada. Com desenhos e arte-final de David Lloyd, V de Vingança retomava uma idéia anterior de Moore, submetida sem sucesso à DC Thomson (tradicional editora inglesa de quadrinhos) por não se adequar à linha de publicações dessa editora, especializada em quadrinhos para o público infantil. De uma maneira geral, a série apresenta uma visão pessimista do futuro da realidade política do Reino Unido de então, transpondo, para o que à época ainda era o distante ano de 1997, as mazelas que atormentavam o país sob o tacão impiedoso da primeira-ministra conservadora Margareth Thatcher, conhecida como A Dama de Ferro.
Em V de Vingança o leitor se depara com uma Inglaterra mergulhada no caos após uma aparente hecatombe nuclear, em que um governo fascista eliminou os direitos civis, dizimou as minorias raciais e sexuais, impôs a censura e reagiu impiedosamente contra qualquer tentativa de questionamento de seus atos arbitrários, criando campos de concentração e adotando forças policiais extremamente violentas, e que atualmente não hesita em utilizar a tecnologia para manutenção da ordem social e vigiar intermitentemente a vida de seus cidadãos. De um desses campos de concentração se evadiu V, o protagonista da história, que irá encetar uma incansável luta contra o governo ditatorial, buscando mostrar a seus conterrâneos que existem possibilidades de mudança. Moldado como um terrorista de ideais anarquistas, ele inicia uma campanha deliberada e bem arquitetada para derrubar os atuais ocupantes do poder.
Buscando na história de seu país uma de suas figuras mais carismáticas, Guy Fawkes, cabeça de uma conspiração que, no início do século 17, planejava destruir o Palácio de Westminster, sede do Parlamento Inglês e símbolo maior da monarquia parlamentarista, Moore aplica no protagonista de sua história uma máscara com as feições desse conspirador, identificando sua narrativa, ipso facto, como uma alegoria, uma reação política a um estado de coisas por ele abominado. E, da mesma forma, alinha a história com a realidade inglesa, afastando-a do lugar comum das narrativas de super-heróis que então dominavam o mercado editorial em seu país.
Além do sempre ambíguo V, outros personagens de destaque na obra são Evey Hammond, jovem adolescente que o protagonista aprisiona e a quem submete a um processo de aprendizado e doutrinação; Adam James Susan, o líder do partido no poder; Eric Finch, investigador experiente que caça o terrorista por acreditar piamente que este ameaça a ordem estabelecida que lhe cumpre defender, e Dominic, assistente de Finch, que o ajuda a desvendar o mistério das previsões de V. Juntos, todos eles oferecem uma narrativa instigante centrada na busca de argumentos racionais para justificar as atrocidades cometidas pelos regimes políticos, algo que ainda tem bastante repercussão nos dias de hoje, principalmente quando se pensa na incessante atividade militar norte-americana em território iraquiano.
Além de uma narrativa densa e instigante, misto de história policial, ficção futurista, narrativa de aventuras e descrição de um quase interminável embate ideológico, V de Vingança destaca-se, também, como uma das primeiras obras em que Alan Moore buscou elaborar a mais perfeita relação possível entre ação narrativa e arte gráfica. Nela, todos os quadrinhos são compostos de forma bastante cuidadosa, tendo em vista a perfeita simetria entre eles. Da mesma forma, os próprios elementos no interior dos quadrinhos estão dispostos de forma a criar algum tipo de relação com a trama apresentada, desde os livros que aparecem nas prateleiras e cujos títulos são visíveis ao leitor – entre eles figuram Dom Quixote (de Cervantes), O Capital (de Marx), Mein Kampf (de Hitler), Hard Times (de Charles Dickens), entre outros -, os pôsteres nas paredes, as formas utilizadas por V para matar seus inimigos – que claramente fazem lembrar o personagem Dr. Phibes, imortalizado nas telas cinematográficas por Vincent Price -, as diversas referências literárias ao longo da história, etc. De uma certa forma, V de Vingança representa uma preparação do autor para Watchmen, em que essa técnica de elaboração da narrativa quadrinhística, com o predomínio da simbologia como fator narrativo, irá atingir seu apogeu.
V de Vingança no Brasil
Esta grande obra de Alan Moore foi publicada pela primeira vez no Brasil pela Editora Globo durante o ano de 1989, período em que essa editora fez uma breve incursão no campo dos chamados quadrinhos adultos; foi publicada no formato de uma minissérie em cinco edições com 64 páginas coloridas, cada número publicado em português trazendo dois números da edição norte-americana, que teve dez fascículos. Alguns meses após seu lançamento no país, a minissérie recebeu uma versão encadernada, certamente utilizando material que não havia sido comercializado no lançamento (encalhe). Posteriormente, já no presente século, a obra foi reeditada pela Editora Via Lettera, de São Paulo, para comercialização em livrarias e gibiterias, desta vez em dois volumes em preto e branco. Felizmente, as duas edições fizeram jus à maestria do trabalho, merecendo fazer parte da estante de qualquer colecionador que se respeite.
Agora, aproveitando a estréia de V de Vingança nos cinemas, a Panini Comics traz às bancas pela terceira vez a série. A nova edição será encadernada em edição única, com 304 páginas coloridas e deve chegar às prateleiras ainda este mês.
(ulha chegou às bancas ^_____________^)
fonte: omelete.
ieeeee, ele voltou
ReplyDelete^___^
que bom.
saudades
;*