Então resolve-se pensar a delicadeza sob o viés da estética, experiência e paisagens. Justo. Pergunta-se, entretanto, como essa nova concepção – ou percepção – será delineada. Com sutileza, determina Denilson Lopes.
Por intermédio do sutil, faz-nos acreditar, melhor nos situa(re)mos entre eixos (a saber, o banal e o sublime, porém nem sertão, nem favela), melhor entendemos as entrelinhas de uma poesia, as cenas de um filme, ou as vinhetas de um mesmo programa ou outro que está por vir.
A tríade estética-experiência-paisagens estão forçosa e intimamente ligadas. Ou talvez mais do que isso, parecem tornar-se interdependentes. Em uma paisagem, experienciamos a estética. Esta paisagem, demonstra Lopes, pode ser uma cena de um filme com suas muitas cores e poucas falas. O mover de câmaras é sutil, pois aspira captar apenas o banal. Esta paisagem pode, também, ser a música ambiente ao criar uma atmosfera que embora não palpável transmite toda uma sensação estética. Há certas músicas, por exemplo, que nos remonta à uma sala de espera de um consultório, outras à novela do brasileiro Manoel Carlos (neste caso não sublime, mas banal): mais a se ouvir do que se ver.
Mais uma vez, incita-se a indivisão das diferentes artes ou meios. Encoraja-se o compartilhamento através da experiência que, por sua vez, não deve ser buscada. Deve-se, sobretudo, prevalecer o sentido sobre o gozo. Eis o sublime do banal. O estar-no-mundo. Um exercício democrático. Aqui, dança-se conforme a música, composição sobre composição: segue-se os arranjos musicais enquanto se compõe o espaço, um instante extraordinário.
Homens modernos pensam a ciência, somente. A poesia é posterior ao invés de vanguarda. A extração do fascínio não precede, caso contrário subverte(ria). Visto isso, convoca-se a salvação pelas imagens. Salvos, quem sabe não receberemos elogios da leveza? O peso é contrário à importância, a densidade à sisudez. O que se pede é que se ande lado a lado em um gesto solidário, ou seja, “caminhar diante do peso das coisas, com a leveza da alma”.
Tudo deve ser sério. Sério até demais, incita. Falar deve ser tão interessante quanto pausar. Aliás, é importante pensar que o supremo é muito melhor do que o sublime, porque o sublime é o que desperta, mas supremo o que se sente, é a sensação de êxtase, onde êxtase é o grande som do om. E om é leveza. A leveza em um estado tão elevado que não pode ser sublime, mas tríade. Dentro de uma paisagem, encontramos o nosso interior, nos tornamos estética.
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