flor do belo
ela era uma bonequinha, a minha bonequinha. linda... linda, de porcelana, de açúcar. amolecia nos meus braços, derretia em meus lábios. oh, como amava seu jeitinho miúdo, sua fragilidade. quem a olhasse teria medo até de tocá-la, mas eu não. aprendi a sustentá-la em meus braços, a cuidar para que não se desmanchasse ou evaporasse. colecionava seus atos, idolatrava seu gigantesco olhar castanho e sua boca era meu maior prêmio: teria que sofrer muito para conquistá-la. contudo, o mais fantástico de tudo isso era que ela não sabia nada.. não; nem da metade. era este o meu tormento: nunca lhe disse o quanto ela era bonita com aquele vestido floral, o quanto a desejava.. como dizer a ela que a amava? porque eu a precisava de um tanto!
seu sorriso era motivo para eu sorrir, o seu caminhado lento, seus gestos racionais, os seus cachos, o seu corpo: tudo era elemento para minha contemplação. gostava da sua voz, do seu perfume natural, da maneira de se desculpar, da sua inocente sensualidade.. eu remontava tudo isso horas e horas, pintando suas-minhas lembranças onde quer que meu olhar tocasse.
"eu seria sua água, banhando sua impureza; seria mesmo tua âncora para quando a visse chorando por dias e dias".
tentei escrever-lhe várias cartas, começando-as de várias maneiras. muitas rasguei e atirei ao longe, envergonhado, injuriado, cheio de puro ódio - não conseguia ler nada entre as linhas.
comecei a chorar... oh, desilusão! meu coração apertava, eu tremia, nem sei.. estava muito preocupado, precisava dizer a ela porque já não agüentava.
- cheeeerr.. - gritei para o apartamento vazio.
meus pulsos cerraram na mesa, tremores e suores frios dominavam meu corpo.. exigia-me razão, exigia-me solução.
perdi a noção do tempo, a fome, o sentidos, porque tudo me direcionava a ela. entrei em estado de morgação, em transe. um zunido agudo ocupou meus ouvidos e faltou me deixar louco - se é que não deixou.
seu sorriso era motivo para eu sorrir, o seu caminhado lento, seus gestos racionais, os seus cachos, o seu corpo: tudo era elemento para minha contemplação. gostava da sua voz, do seu perfume natural, da maneira de se desculpar, da sua inocente sensualidade.. eu remontava tudo isso horas e horas, pintando suas-minhas lembranças onde quer que meu olhar tocasse.
"eu seria sua água, banhando sua impureza; seria mesmo tua âncora para quando a visse chorando por dias e dias".
tentei escrever-lhe várias cartas, começando-as de várias maneiras. muitas rasguei e atirei ao longe, envergonhado, injuriado, cheio de puro ódio - não conseguia ler nada entre as linhas.
comecei a chorar... oh, desilusão! meu coração apertava, eu tremia, nem sei.. estava muito preocupado, precisava dizer a ela porque já não agüentava.
- cheeeerr.. - gritei para o apartamento vazio.
meus pulsos cerraram na mesa, tremores e suores frios dominavam meu corpo.. exigia-me razão, exigia-me solução.
perdi a noção do tempo, a fome, o sentidos, porque tudo me direcionava a ela. entrei em estado de morgação, em transe. um zunido agudo ocupou meus ouvidos e faltou me deixar louco - se é que não deixou.
eu.
há quatro anos.
desenho por denise gray
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